O tema, afetado como representativo da controvérsia, foi analisado na sessão de 25 de fevereiro

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) reunida em sessão ordinária, por videoconferência, no dia 25 de fevereiro, fixou a seguinte tese: “O termo inicial da contagem do prazo de prescrição da pretensão ao ressarcimento de saque indevido em conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, é o da data em que ocorreu o fato lesivo” (Tema 263).

O Pedido de Uniformização de Interpretação da Lei foi interposto pela parte autora em desfavor da decisão proferida pela 5ª Turma Recursal Judiciária do Rio Grande do Sul, que, reformando a sentença de 1º grau de jurisdição, reconheceu, de ofício, a prescrição e julgou improcedente o pedido de danos materiais e morais decorrentes de saque indevido em conta de FGTS ocorrido em março de 1994.

A recorrente apontou que a Turma de origem decidiu de maneira oposta ao entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo o qual seria aplicável, de forma indistinta, a teoria da actio nata, sob o viés subjetivo a todo e qualquer caso. Em suas razões recursais, a autora argumentou que a Súmula 278 do STJ reconhece que o lapso prescricional só se dá a partir de ciência inequívoca do fato. Diz a súmula: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral (e não a data do acidente)”.

Em resumo, a requerente defendeu que, ainda que seja juridicamente possível o exercício da pretensão desde a violação do direito, não há como exigir de seu titular que ajuíze ação antes da ciência da ilicitude e seus efeitos.

Voto vencido

Na sessão ordinária de 16 de outubro de 2020, a Relatora do processo na TNU, Juíza Federal Isadora Segalla Afanasieff, deu provimento ao incidente e propôs a seguinte tese: “O termo inicial do prazo de prescrição da pretensão de ressarcimento de saque indevido em conta do FGTS é a data do efetivo conhecimento do fato danoso, a ser demonstrada nas vias ordinárias”.

Na ocasião, o Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa pediu vista dos autos para melhor avaliar a controvérsia.

Voto-Vista

Na sessão do dia 25 de fevereiro de 2021, o Juiz Federal Gustavo Melo Barbosa apresentou seu voto-vista. O Magistrado sustentou que o argumento de que o STJ estaria aplicando a teoria actio nata sob o viés subjetivo em qualquer caso era um equívoco, e ressaltou que a requerente não demonstrou através de cotejo analítico que seu caso era semelhante aos apresentados como paradigmas, já que nenhum deles tratava de saques indevidos na conta do FGTS.

Em suas razões de decidir, o Juiz Federal reconheceu que segundo a jurisprudência do STJ é possível a aplicação da teoria actio nata sob o viés subjetivo para a definição do termo da contagem do prazo prescricional na ciência inequívoca da lesão. No entanto, destacou que há de se identificar, no caso concreto, as circunstâncias que tornaram difícil ou impossível o seu conhecimento ou sua extensão pela parte lesada.

O Magistrado argumentou que, no caso de saques indevidos em conta do FGTS, uma mínima diligência do fundista permitiria o conhecimento da lesão antes do esgotamento do prazo, considerando o fácil acesso aos extratos fornecidos pela Caixa Econômica Federal (CEF). Com essa sustentação, o Juiz Gustavo Melo Barbosa deu o incidente como conhecido e desprovido das razões levantadas pela autora, ocasião em que fora seguido pela maioria de seus pares.

Processo relacionado: 5005068-26.2017.4.04.7104/RS.

Fonte: Wagner Advogados Associados

Tags:
    fato, ftgs, indevido, lesivo, prazo, saque,
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