A primeira coisa que temos a dizer é que nossa impressão é que a manifestação foi um enorme sucesso. Conversando com diversas pessoas, todos concordaram que a marcha surpreendeu. Pena que a mídia não deu cobertura. A explicação para isso é que a mídia só daria cobertura se o ato fosse antes do dia 16, pois qualquer mobilização seria canalizada para o espírito da direita fascista que propõe a derrubada do governo pela via do golpe. Como nosso ato ocorreu depois, sabemos que a mídia não dá cobertura. Acho que o ato de 18 de agosto deve ficar para a história como o ato mais expressivo que fizemos em Montes Claros. Primeiro sob o aspecto do volume de pessoas; segundo pelo aspecto da representatividade. O ato envolveu todos o campi em greve. Tivemos presença de todos. O terceiro aspecto diz respeito à nossa qualidade de mobilização: percebemos que há um amadurecimento político no discurso das pessoas. Mostramos nossa força. Não há como negar que somos capazes de nos mobilizar e isso é um elemento dos mais importantes desse dia 18, até mais do que a nossa reunião, cujo relato passamos a fazer depois. Em tempo: criticamos o uso do carro de som do movimento pelo Reitor para discursar na nossa manifestação. Alguns poderiam alegar que ele também é um servidor e, por isso, também poderia manifestar a sua opinião. Todavia, a manifestação foi orientada no sentido de cobrar algumas demandas estancadas junto à Reitoria desde o início de sua gestão. Logo, a pauta de nossa mobilização nos coloca em lado diferente da mesa de negociação. Assim, a própria fala de apoio ao movimento foi contraditória, pois, em seguida, na mesa de negociação, não obtivemos nenhuma resposta concreta às nossas demandas.
Reunião para discussão da pauta regional
A composição da equipe que iria conversar com o Reitor estruturou-se a partir dos comandos. Tivemos representantes dos Comandos Locais de Greve: Laura Brandão e Saulo Silva (Arinos), Fernando Macedo (Araçuaí), Anamaria (Almenara) , Amanda Porto e Leonardo de Sá (Januária), Júnia Costa (Pirapora), Augusto Querino, Bruno Rafael e Sérgio Gregory (Montes Claros), Gabriela (Reitoria), Rogério Amorim e Elcio Nascimento (Salinas); e pelo Coletivo Sindical Norte de Minas (Sinasefe): Felipe Guedes e Flávio Fonseca (Seção Januária), Marcus Mota (Seção Pirapora) e Fabiano Magalhães (Seção Salinas). Para começar a discussão sobre a pauta que foi elaborada pelos comandos e coletivo sindical, no mês de julho, apresentamos a necessidade de ter um calendário permanente de reuniões, visto que alguns campi estão discutindo e elaborando pautas que serão remetidas à Reitoria. É o caso de Araçuaí e também de Montes Claros. O Reitor se dispôs a se reunir e inclusive uma nova reunião foi agendada para dia 15 de setembro. Não conseguimos esgotar os pontos apresentados. Começamos pelo ponto da Gestão Democrática. A primeira demanda é sobre reconhecimento da atividade sindical. Esse ponto já foi inclusive objeto de outras conversas, sendo que em uma delas o Reitor se comprometeu a regulamentar. Cobramos mais uma vez a efetivação da medida e mais uma vez não tivemos uma clareza quanto à deliberação sobre o ponto. O Reitor estabeleceu a data de 15 de setembro para apresentar encaminhamentos mais concretos. Outro ponto foi sobre a vaga permanente sobre o CONSUP. Já houve uma decisão do Conselho Superior rejeitando essa demanda, sob a argumentação de que se trata de decisão já deliberada em instância superior ao IFNMG. No entanto temos visto que o SINASEFE vem conseguindo conquista esse item em alguns Institutos. Diante da sustentação do Reitor em cima de um parecer verbal do Procurador – parecer esse que foi base para a decisão do Conselho Superior – solicitamos que o Procurador nos remeta um parecer formal. O ponto seguinte foi sobre o Orçamento Participativo. Não há muito avanço nessa proposta. O Reitor não é contra, no entanto não existe movimentação para a efetivação dessa demanda. Fomos taxativos em que se apresentem elementos para a consolidação, seja nos campi, seja também para a própria Reitoria. Fomos acusados de não permitir o debate. Retrucamos que esse debate já vem sendo feito nas reuniões entre Reitoria e Coletivo desde o ano passado, porém o pós-debate não tem produzido os devidos efeitos, já que alguns pontos de pauta tem sido recorrentes. Nesse momento o colega Bruno de Montes Claros solicitou a palavra e apresentou a demanda sobre as 30 horas geral e irrestrita. A proposição da Reitoria não contempla isso, por ser restrita. Quanto ao ponto sobre comissão de ética eleita com representantes de cada Campus, também já tivemos a discussão sobre esse ponto no ano passado, mais precisamente no dia 07 de julho de 2014. Na oportunidade, a Reitoria apresentou os motivos pelos quais essa comissão não pode ser eleita, mas escolhida pela gestão. Diante da manutenção da posição inicial, solicitamos também um parecer do Procurador dos motivos para que essa demanda não possa ser implementada, já que temos casos como o IFBAIANO que contempla essa forma de composição da comissão. Os outros pontos desse item – Gestão Democrática – não foram apreciados concretamente. O debate estendeu-se demasiadamente, mas em cima de evasivas. Daí, solicitamos ao Reitor que elabore um documento que pelo menos norteie a posição da Instituição sobre pontos como: critérios para definição de número de servidores para cada campus; que responda se existe a possibilidade de eleição ou consulta para os Gestores pro tempore; e ainda discutir os atos administrativos “por Ofício” – ou no interesse da instituição. Partimos para a discussão sobre os outros pontos: um deles, bastante discutido na reunião dos comandos de greve, foi a necessidade de alinhamento das atividades dos Técnicos Administrativos. Também não tivemos um avanço nesse sentido, mas apenas proposições no sentido de incentivar a elaboração de manuais e/ou tutoriais. O outro ponto foi o de política de capacitação para os TAEs, também bastante mencionado nas nossas pautas da greve. Os outros pontos (eram 9 ao todo) não puderam ser discutidos, dado o adiantado da hora. Esses pontos, bem como os pontos que surgirem a partir das discussões dos comandos de greve (Araçuaí, Montes Claros e outros) serão remetidos à novas discussões. Lembramos ao Reitor que nosso interesse é que toda essa pauta possa ser discutida, já que ela foi legitimamente levantada pelo movimento grevista do IFNMG.
Estudantes na luta!
A manifestação contou com a importante participação de estudantes. Alguns utilizaram o microfone e expressaram o apoio ao movimento, destacando também pontos específicos que gostariam de discutir no âmbito do IFNMG. Quando a reunião com a Reitoria iniciou-se, solicitamos que fossem inseridos os representantes dos estudantes para encaminharem suas pautas de reivindicações. Compuseram a mesa os estudantes Luis Felipe e Lauanda Lopes (Campus Araçuaí), Paulo Vitor (Campus Januária) Gabriel Lopo (Campus Montes Claros). A reunião começou exatamente com a exposição dos mesmos, com pautas que foram remetidas à apreciação da Reitoria. Consideramos muito valiosa a participação dos estudantes, porque esse espaço tem sido muito raro com relação a nossa instituição. Ficou estabelecida uma nova reunião para que os estudantes organizassem uma ampla pauta. Para essa reunião os diretores dos campi serão convidados.
Nossa Impressão
Quanto à reunião, percebemos que o Reitor tem usado a tática de deixar falar, de forma a gastar o tempo. Tem sido assim desde as nossas primeiras reuniões em 2012. Foi importante termos a presença de membros de cada comando, pois os mesmos tiveram oportunidade de perceber como nossas demandas não avançam em nada. Temos tido dificuldades de avançar, sobretudo porque nenhum ponto foi acatado de fato. Temos dispendido muito tempo em nossas reuniões, para resultados pífios. Não aceitamos a pecha de que estamos tentando diminuir o debate. Com efeito, pensamos que todo o debate, depois de algum tempo… mais precisamente depois de meses e anos – torna-se retórica vazia. Portanto é o movimento grevista do IFNMG quer respostas concretas.