Acabou oficialmente a era Paulo Guedes. O ministro da Economia saiu de férias e não volta mais ao cargo. A concessão das férias foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e publicada na edição desta terça-feira (20) do Diário Oficial da União, com validade de 19 a 31 de dezembro. Guedes será substituído por Fernando Haddad.
Haddad será o ministro da Fazenda do governo Lula. O Ministério da Economia será desmembrado em três: Fazenda, Planejamento, e Indústria e Comércio Exterior. Essas duas pastas ainda não têm titular definido.
Guedes já havia desocupado na sexta-feira (16) a Granja do Torto, residência oficial da Presidência da República que ele utilizava em seus dias em Brasília. “Parti hoje”, disse o ministro à TV Globo na sexta. O imóvel deve ficar à disposição do presidente Lula.
Nomeado como “posto Ipiranga”, aquele que teria todas as respostas para assuntos econômicos do governo, Guedes não chegou a ser um “superministro”, como havia sido anunciado. Deixa o governo sob ataques tanto da esquerda quanto da direita liberal, que o critica por não ter entregado o que prometia, como a privatização de empresas gigantes como a Petrobras, os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal e as reformas tributária e administrativa.
Sua principais promessas cumpridas foram a reforma da Previdência, aprovada pelo Congresso em 2019, primeiro ano do atual governo e desta legislatura, e a venda da Eletrobras.
Durante sua gestão, acumulou tropeços políticos no Congresso, alguns deles provocados por declarações consideradas inapropriadas ou provocativas. Em dezembro de 2020, durante entrevista coletiva, Guedes respondeu a uma pergunta feita pelo Congresso em Foco sobre a contradição entre ser chamado de “superministro” e, ao mesmo tempo, não conseguir aprovar as propostas que havia prometido.
“Eu nunca acreditei que sou superministro de nada. Quem é super, se pode ser demitido em cinco minutos? Uma pessoa que pode ser demitida em cinco minutos não pode ser super nada, só se for bobo. Eu sou um ministro como todos os outros e sou o mais vulnerável”, respondeu. Ele afirmou que era “mais vulnerável” porque controla o orçamento e poderia ser derrubado se todos os outros ministros “partirem ao mesmo tempo para furar o teto de gastos”.
Na mesma entrevista, Guedes reconheceu que era um iniciante na política, já que nunca havia atuado na área e concentrado sua carreira no mercado e na academia. “Pato novo mergulha fundo. Eu não conhecia a política direito, acreditava, saía lá e falei ‘em 40 dias vou entregar alguma coisa’. Aí você vê que a política é complicada, e leva seis meses. Quem paga a conta sou eu”, admitiu.
Fonte: Congresso em Foco