A Fundação de Previdência Complementar que atende os servidores do Executivo e do Legislativo federais, a Funpresp, completa uma década neste ano com 103 mil segurados e a expectativa de trazer mais 70 mil servidores na próxima década, segundo o diretor-presidente Cristiano Heckert. Ele explica que 30% do público a escolheu por vantagens como maior proteção em caso de aposentadoria por invalidez ou pensão por morte, cashback revertido em contribuição previdenciária e maior rentabilidade do que a previdência privada. Veja os principais pontos da entrevista concedida à Coluna do Servidor.
Qual o perfil do servidor que procura a Funpresp?
É um homem de 41 anos, com remuneração de R$ 13.900 (média), ligado a uma instituição federal de ensino superior e morador da Região Sudeste.
Quantos servidores aderiram à Funpresp desde que a fundação foi criada? Qual a projeção para os próximos dez anos?
Temos hoje cerca de 103 mil servidores. Desses, a grande maioria é de integrantes do Executivo (mais de cem mil). E já pagamos benefícios a 300 aposentados e pensionistas, já operando com a nossa função social. Esse número naturalmente deve crescer nos próximos anos. Sobre a próxima década, uma projeção segura é de chegarmos a 170 mil segurados — temos uma meta de crescer em sete mil por ano. Mas tudo vai depender de como vai ser a abertura de concursos.
Qual o público potencial da Funpresp? E de adesão automática?
Se a gente fala de Executivo federal, são cerca de 500 mil servidores estatutários. Desse total, cerca de 200 mil recebem, hoje, abaixo do teto do INSS (valor limite para o pagamento de aposentadorias para quem entrou no serviço público depois de 2013) e vêm para cá mesmo sem a contribuição paritária da União (para cada real que o contribuinte que ganha acima do teto do INSS contribui, a União entra com a mesma quantia). Em 2022, 7.126 aderiram automaticamente, dos quais 6.531 continuaram, e outros 11.721 migraram para o novo regime (durante janela de migração, aberta no fim do ano).
Em novembro, encerrou-se a primeira janela de adesão desde a reforma da Previdência, mas apenas cerca de dez mil servidores aderiram. A que vocês atribuem isso?
Eu diria que essa taxa é um enorme sucesso. Ela só não é maior porque eu ainda tenho muitos servidores no regime antigo (de pessoas que ingressaram no serviço público até 2013) e não precisam de nós para complementar a renda. Mas 96% dos demais estão na Funpresp, e ainda temos 31 mil que entraram no serviço público antes de 2013 ou que entraram depois, mas recebem abaixo do teto do INSS e voluntariamente optam por vir, seja para formar uma reserva extra quanto para ter acesso aos produtos que oferecemos, como as coberturas adicionais para aposentadoria por invalidez e pensão por morte e o empréstimo consignado (que tem taxa de administração de 1,6%). É um número que automaticamente vai crescer, conforme mais pessoas forem ingressando no serviço público.
Para comemorar os dez anos de Funpresp, a fundação anunciou a redução na taxa de administração para empréstimos consignados. Que outras oportunidades o servidor pode esperar até o fim do ano?
Uma novidade para este ano é que estamos revisando os tipos de perfis de investimento disponíveis para que o participante possa ter uma gestão mais ativa dos investimentos. Também queremos aumentar o número de servidores que fazem a portabilidade Já implementamos a portabilidade sem taxa para servidores que tem PGBLs e VGBLs (planos de previdência de outras entidades). Só com isso, já crescemos 101% em portabilidades. Queremos ampliar o programa de cashback, em que 2% a 3% do valor gasto em uma das 430 lojas conveniadas vai para a reserva previdenciária.
A procura por previdência privada disparou depois da reforma da Previdência, com ofertas mais vantajosas. Que oportunidades são estudadas para fazer frente à previdência privada?
Oferecemos mais rentabilidade. A gente não cobra taxa de administração, diferentemente dos bancos. A gente só cobra uma taxa de carregamento e, se projetarmos levando em consideração o tempo que a pessoa fica na Funpresp, seria equivalente a 0,14% de taxa de administração ao longo de 40 anos. Tem também a paridade contributiva, que é imbatível. E temos isenção de 20,5% no Imposto de Renda, que pode ser abatido pelo contribuinte, enquanto na previdência privada é de 12%.
De que forma são aplicados os investimentos dos participantes da Funpresp?
Como o grosso dos nossos participantes vai se aposentar nas décadas de 2040 e 2050, procuramos investir em papéis que vão trazer essa rentabilidade nesse período de tempo. Os títulos públicos representam 79% dos nossos ativos, porque o nosso compromisso com o participante é entregar a inflação mais 4% ao ano. Ao longo desses dez anos, viemos diversificando a nossa carteira de investimentos. Para esse ano, vamos trazer fundos de investimentos imobiliários e ouro, que devem chegar no segundo semestre. Ter uma carteira mais diversificada é bom para o participante, porque diminui risco. No caso da Americanas, por exemplo, a gente provisionou, no balanço de janeiro, a perda completa (investimentos da Funpresp foram feitos em debêntures e ações da varejista), mas no dia em que foi anunciado (o rombo na rede), a gente tinha investimentos em 146 empresas diferentes.
Quando será a próxima janela de adesão à Funpresp com condições especiais?
Acho que agora não faz sentido porque a janela do ano passado foi muito demandada por sindicatos e associações porque foi a primeira depois da reforma da Previdência de 2019. Já tivemos três outras janelas, mas todas antes dessa mudança. Só faz sentido ter uma nova janela lá na frente, quando tiver uma nova reforma da Previdência.
Em qual cenário é mais vantajoso que o servidor federal contrate a previdência complementar?
É vantajoso para todo mundo. Quem está ingressando agora na administração pública vai ter a aposentadoria limitada ao teto do INSS, e vai ter que complementar. Na reforma da Previdência, houve alterações nas regras de aposentadoria por invalidez e pensão por morte (pensionistas passaram a receber 50% mais 10% por depedente), e a Funpresp oferece essa proteção para que tenha uma renda complementar e não perca o poder aquisitivo. Como todos estão sujeitos, eu diria que é vantajoso para ter esse tipo de cobertura, especialmente para quem é de antes de 2013. Não tanto pelo complemento de aposentadoria, mas pela proteção de invalidez e morte.
Fonte: Extra (RJ)