Instituições dizem que capacidade alterações radicais serão limitadas e cobram definições de agenda fiscal do petistas
As agências de classificação de risco Moody’s e Fitch Ratings afirmaram nesta segunda-feira (31) que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022 não deve trazer grandes mudanças na economia do país.
A Moody´s diz que a margem apertada do segundo turno limita a capacidade do petista de implementar mudanças radicais nas políticas públicas.
Para a analista sênior da Moody’s Investors Service, Samar Maziad, Lula terá um mandato mais fraco no início de seu governo depois de garantir o terceiro mandato na Presidência.
“No momento, não esperamos uma grande retirada dos esforços de consolidação fiscal do governo e vemos um risco baixo de reversão das reformas já aprovadas”, disse ela em nota.
Lula disse várias vezes durante a campanha que pretende revogar o teto de gastos, a principal âncora fiscal do país, e sua campanha ainda não detalhou que instrumento substituiria a atual regra.
O cenário de referência da Moody´s prevê que a agenda de liberalização econômica provavelmente será paralisada e também antevê um maior intervencionismo.
“Uma transição tranquila de poder seria consistente com a nossa avaliação da força institucional e a perspectiva estável atribuída atualmente para o rating Ba2 dos títulos de dívida do governo do Brasil”, completou Maziad.
A Fitch Ratings disse que a vitória de Lula nas eleições provavelmente não resultará numa grande mudança na política macroeconômica do país, mas avaliou que essa perspectiva depende de sinais mais claros sobre sua agenda fiscal, enquanto a pauta microeconômica deve sofrer alterações sob o governo do petista.
“A continuidade ampla da política macroeconômica continua sendo nossa expectativa”, disse a agência em nota, destacando a tentativa da campanha de Lula de se aproximar do centro ao escolher Geraldo Alckimin, antes um forte crítico do PT, para integrar a chapa como vice. “A vitória de partidos conservadores nas eleições para o Congresso de outubro também podem colocar um freio em um programa econômico de esquerda”, avaliou a Fitch.
A agência também lembrou que há pouca probabilidade de mudanças no atual regime de política monetária do país sob Lula, já que o Banco Central agora é independente.
“No entanto, o Brasil enfrenta desafios fiscais e de crescimento. Estes já estão capturados em seu ‘rating’ soberano, mas a forma como são tratados influenciará a trajetória futura da classificação”, disse a Fitch.
A Fitch projeta que Brasil passará a mostrar déficit primário de 1,0% do PIB em 2023, após provável saldo positivo de 1,0% neste ano. O prognóstico de piora se deve à expectativa de redução cíclica de receitas, cortes de impostos e medidas de aumento de gastos, incluindo a provável extensão do Auxílio Brasil.
A vitória de Lula também pode significar uma pausa nos esforços de privatização e maior ênfase no investimento via setor público, disse a Fitch.
“Não está claro se o governo Lula será capaz de lidar com as questões que pesam sobre o investimento privado, incluindo um sistema tributário complexo. O apetite por uma reforma administrativa para melhorar a eficiência do setor público também não é claro”, acrescentou a agência.
A Fitch dá ao Brasil “rating” “BB-“, com perspectiva estável.
Fonte: Wagner Advogados Associados