Ao trocar o comando do Ministério da Defesa, que abriga as Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro se isola ainda mais da cúpula militar. A demissão do general Fernando Azevedo e Silva se deu após meses de desgastes na relação com Bolsonaro.

De um lado, o presidente há meses cobrava do ministro alinhamento político das Forças Armadas ao seu governo. A cobrança incluiu até mesmo a retirada do general Edson Leal Pujol do comando do Exército. Porém, o Congresso em Foco apurou que, assim como Azevedo já defendia, é unânime nos comandos da Marinha, Aeronáutica e Exército o movimento de blindar a instituição e de não se associar a qualquer governo.

Entre os pontos de atrito, chegou a constar o desejo de Bolsonaro de, por meio de decreto, alterar regulamento do Exército para permitir a promoção do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, de três para quatro estrelas. Pela regra atual, um general de Divisão, intendente, como Pazuello só pode ser alçado até três estrelas.

As Forças Armadas chegaram a ameaçar não nomear Pazuello como general quatro estrelas caso Bolsonaro insistisse na mudança por decreto. A promoção ao ex-ministro seria um consolo após a demissão do comando da pasta.

Encurralado, o presidente da República enfraquece a cada dia sua base de apoio, entre o mercado financeiro, congressistas e, agora, entre os militares.

O Congresso em Foco apurou que as Forças Armadas chegaram a reagir mal à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu o retorno do ex-presidente Lula à disputa eleitoral. Porém, não chegou a estremecer o entendimento do alto comando militar de que não cogita qualquer tipo de ruptura institucional em apoio a Bolsonaro.

Com o anúncio de que o General Walter Souza Braga Netto assumirá o Ministério da Defesa, o comando das Forças Armadas se reuniu e deve definir os próximos passos.

Fonte: Wagner Advogados Associados

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